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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Jogadores do Passado - Zangão

Origem da foto: site oficial do clube

Antônio Guites nasceu em Porto Alegre, em 28 de janeiro de 1936, mas logo ficou mais conhecido como Zangão. Filho de um casal de apicultores que já tinha oito filhas, recebeu o apelido do tio, ao nascer, por ser o único homem entre 8 abelinhas.

Zangão chegou ao Internacional em 1955. Atuava como centromédio e o clube acabara de perder o ídolo Salvador, negociado com o Peñarol (URU). Sua estreia ocorreu em 19 de março de 1955, quando o Internacional bateu o Força e Luz por 4x3, em amistoso na Timbaúva. Em pouco tempo, foi deslocado para a lateral-direita, pelo técnico Teté. Mas em 1955 Zangão atuaria em apenas três partidas, passando o resto do ano no 2º quadro e até nos juvenis. Em 1956 novamente continuaria na reserva. Somente em 1957 firmou-se como titular. Líder nato, tornou-se o capitão do time.

Apesar de jogar em um período de vacas magras, era um dos ídolos da torcida. Uma de suas maiores atuações ocorreu em 1º de maio de 1957, quando o Internacional venceu o Boca Juniors por 4x2, e Zangão, atuando de centromédio, matava as tentativas de jogadas ofensivas argentinas ainda no meio de campo. Somente após ser substituído por lesão o Boca conseguiu criar lances de perigo. Mas em julho Zangão voltou para o banco.

Quando Teté caiu e Gastão Leal assumiu o clube, Zangão continuou no banco. Em 1º de setembro de 1957, em um amistoso na Ilha do Retiro, o Internacional perdia por 3x1 para o Santa Cruz, com Zangão no banco. Quando ele entrou no time, o time reagiu e empatou a partida. Com isso reconquistou a titularidade.

Eram períodos difíceis para o Internacional, que via o rival conquistar um pentacampeonato. Em 1960 Zangão foi convocado para a Seleção Brasileira (formada por atletas gaúchos) que disputaria o Campeonato Pan-Americano na Costa Rica. Mas após os primeiros treinos Zangão pediu dispensa, pois estava de casamento marcado para o período da competição (fevereiro de 1960). No mesmo período surgiram notícias de que São Paulo e Santos queriam contratá-lo, mas o clube não o negociou.

Mas em 1961 a temporada seria de festa. Nessa temporada foi disputado o primeiro campeonato gaúcho unificado (antes o campeonato era disputado pelos campeões municipais). A torcida colorada ironizava os rivais, dizendo "Hexa não, essa não!". E em campo, Zangão e seus companheiros chegaram ao título, o único oficial conquistado pelo jogador no Internacional.

Em 1962 o Internacional começou muito bem a temporada. No campeonato gaúcho, caminhava firme para o bicampeonato. Em nível nacional, a equipe avançava na Taça Brasil. Mas após dois empates contra o Botafogo, o Colorado foi derrotado no terceiro jogo decisivo, caindo na semifinal. Ficou em 3º lugar, atrás do Santos de Pelé e do Botafogo de Garrincha. No estadual, tropeçou nas últimas rodadas e perdeu o Gre-Nal extra disputado para decidir o campeonato.

Em 1963 Zangão foi titular até junho, quando perdeu a posição. Em 1964 ainda jogaria várias partidas, mas em 31 de dezembro seu contrato foi encerrado. Em 21 de janeiro de 1965 o jogador rescindiu amigavelmente seu vínculo com o Internacional.

A última partida de Zangão pelo Internacional ocorreu em 28 de novembro de 1964, na vitória de 2x0 sobre o São José, pelo campeonato municipal. Ele entrou no time no intervalo, substituindo Rui.

Por seus dez anos de atleta profissional colorado, Zangão foi laureado pelo clube, em 1965.

Saindo do Colorado, jogou ainda no 14 de Julho de Passo Fundo (1966), Ypiranga (1967) e no 14 de Julho de Passo Fundo, novamente, em 1967.

Zangão faleceu em 12 de novembro de 2021, vítima de enfarte. Ele vivia no bairro Jardim Botânico, em Porto Alegre.

Seus números no Internacional:
324 partidas
200 vitórias
60 empates
64 derrotas
11 gols marcados
Campeão gaúcho em 1961
Zangão fazia parte do grupo campeão metropolitano e gaúcho em 1955, mas não disputou nenhuma partida. Também não participou de nenhuma partida do Torneio Porto Alegre-Pelotas, vencido pelo Internacional em 1964.

Suas vítimas:
2 gols
São José
1 gol
Nacional, Força e Luz, Cruzeiro, Grêmio, Avenida, Riograndense SM, Guarany de Bagé, Flamengo de Caxias do Sul e Portuguesa de Desportos

Colaboração: Luiz Pissutti

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Carnaval na Argentina







Enquanto torcidas brasileiras copiam cantos e comportamento de torcidas argentinas, "los hermanos" copiam o carnaval brasileiro, principalmente na província de Corrientes.

Em Paso de los Libres, as "escuelas de samba" (baterias) não fazem feio perto das brasileiras. Mestres de bateria do Rio de Janeiro são chamados para ensinarem os ritmistas argentinos.

Ano passado tive a oportunidade de julgar o carnaval de Monte Caseros, cidade argentina na fronteira com o Uruguai. O carnaval "casereño" é menos "brasileiro" que o de Libres, mas está avançando em muitos aspectos. Esta experiência foi interessante para conhecer um pouco mais do carnaval argentino. Primeiro, os termos, que nem sempre correspondem aos brasileiros. Na Argentina, escola de samba se chama "comparsa", e "escuela de samba" é a bateria. A rainha do carnaval é "la reina", e eles ainda possuem a "embajadora" (embaixatriz). Eles possuem mestre-sala e porta-bandeira (portabandera e maestro de sala), mas o porta-estandarte, diferente do Brasil, é um homem. Como o estandarte é diferente, e carregado de outro modo, ele precisa de ajuda de mulheres que ajudam a sustentar o estandarte, através de cordas (são as "codorneras"). E também existe lá uma figura similar às balizas de bandas escolares: são as "bastoneras" tanto da comparsa quanto da escuela de samba.

Uma curiosidade do carnaval local é muito interessante! As "comparsas" são formadas quase que exclusivamente por mulheres (belíssimas, por sinal). As fantasias são luxuosas, e superiores à média das fantasias do Rio Grande do Sul. O samba enredo deles deixa a desejar, se compararmos com os similares brasileiros, e suas "escuelas de samba" ainda estão abaixo de Libres. Mas a disposição dos carnavalescos é grande. A cidade literalmente se divide entre as cores das três escolas adultas.

O desfile tem algumas diferenças em relação ao Brasil. O público participa, e é comum espectadores invadirem a pista para dar bebidas aos passistas. No Brasil isso seria uma falha grave e a escola perderia pontos, mas lá é aceitável, e dá um caráter próprio e divertido ao carnaval local. Outro costume da região são os irritantes sprays de espuma. Consumidos às centenas, estes sprays são o principal produto dos vendedores ambulantes. É quase impossível escapar ao banho, mas chamou a atenção o fato de não ter presenciado uma única briga por causa disso. E olha que vi alguns foliões mais "empolgados" esvaziarem sprays no rosto de policiais, que permaneceram impassíveis em seu local.

As comparsas adultas de Monte Caseros, em 2009, eram Carunberá, Orfeo e Nueva Shangay. Também existe uma competição de "comparsas menores" (escolas infantis). Também desfilaram três: Carunberacito, Orfeito e Grupo Alegría.

O carnaval local tem características diferentes, na apuração. São proclamadas escolas vencedoras por "rumbro" (quesito), e depois a vencedora geral. Em 2009, Orfeo venceu nos quesitos Alegoria, Samba Enredo e Comparsa, enquanto Carunberá venceu em Escuela de Samba, Reina e Figuras (destaques).

Campeonato de Porto Alegre

Nos primeiros anos do século XX começaram a surgir clubes de futebol em Porto Alegre. Grêmio e Fussball foram fundados em 1903. Pouco depois surgiu o 15 de Novembro. Em 1907 foram fundados o Riograndense e o GFB Internacional. Mas quase não eram realizadas partidas na cidade, e havia pouco contato entre os clubes.

Foi com o "boom" de 1909 que o futebol da cidade chegaria a um novo patamar. Na esteira da fundação do Internacional, surgem o Militar, Nacional e 7 de Setembro. Com um número maior de clubes, surge em 12 de abril de 1910 a Liga de Foot-Ball Porto Alegrense, que organizou seu primeiro campeonato no mesmo ano. Outras ligas surgiriam ao longo dos anos, em geral organizadas por clubes menores. Aqui citaremos apenas as cisões nascidas da liga oficial.

A primeira liga dissidente foi a Associação de Foot-Ball Porto Alegrense, criada em 1914. Durante o campeonato de 1913, Fussball e Grêmio abandonaram a LFBPA, devido aos incidentes da partida Fussball x Internacional (o árbitro da partida, sócio do Grêmio, foi acusado de favorecer o Fussball). No ano seguinte, os dois clubes desfiliados aliciaram Americano e Frisch Auf, que abandonaram a Liga e tornaram-se fundadores da Associação. No final de 1915 ocorreu a pacificação do futebol. as duas ligas existentes foram extintas, e nasceu a Federação Sportiva Riograndense.

Em 1917, descontente com a Lei do Estágio, que impedia o clube de utilizar imediatamente jogadores oriundos de outras equipes, o Grêmio abandonou a FSR. Em 1918, com o intuito de trazer novamente o clube para as competições oficiais, foi extinta a FSR, e criada a Associação Porto Alegrense de Desportos. Em 1920, nova cisão. Novamente o Grêmio discorda da Lei de Estágio, e abandona a APAD nas últimas rodadas do campeonato. Junto a clubes menores, funda a Associação Porto Alegrense de Futebol. Mas a APAF só organizaria seu primeiro campeonato em 1921. A entidade estadual, Federação Rio Grandense de Desportos (FRGD), dirigida pelo gremista Aurélio Py, decretou o Grêmio campeão da cidade.

Em 1923, com a pacificação, a APAF foi extinta, e seus clubes filiaram-se à APAD. Os campeonatos das duas ligas viraram chaves do novo campeonato municipal, e seus vencedores disputariam o título. Porém, Porto Alegre e Grêmio, os vencedores das chaves, jamais disputaram a final. Nova cisão ocorreria em 1929, quando os principais clubes da cidade abandonaram a APAD e fundaram a Associação Metropolitana Gaúcha de Esportes Terrestres. Em 1930 a AMGEA já era a única liga oficial existente.

A última cisão ocorreria em 1937. Os principais clubes aderiram ao profissionalismo, mas algumas equipes decidiram manter-se amadoras. A AMGEA dividiu-se em duas: "Cebedense" (amadora) e "Especializada" (profissional). Em 1939 as duas ligas fundiram-se. Em 1941 a Federação Riograndense de Desportos (atual FGF) assumiu a organização do campeonato de Porto Alegre.

Em 1953 foram aceitos no campeonato equipes de São Leopoldo e Novo Hamburgo, e em 1954 as equipes de Caxias. Com a criação da Série B, em 1959, até equipes de Bagé inscreveram-se na competição. Finalmente, em 1961, nascia o campeonato gaúcho unificado. 
Lista de Campeões
1910 Militar 
1911 Grêmio 
1912 Grêmio 
1913 Internacional 
1914 Internacional e Grêmio 
1915 Internacional e Grêmio 
1916 Internacional 
1917 Internacional 
1918 Cruzeiro 
1919 Grêmio 
1920 Internacional e Grêmio 
1921 Cruzeiro e Grêmio 
1922 Internacional e Grêmio 
1923 não terminou 
1924 Americano 
1925 Grêmio 
1926 Grêmio 
1927 Internacional 
1928 Americano 
1929 Americano e Cruzeiro 
1930 Grêmio 
1931 Grêmio 
1932 Grêmio 
1933 Grêmio 
1934 Internacional 
1935 Grêmio 
1936 Internacional 
1937 Grêmio e Novo Hamburgo 
1938 Grêmio e Renner 
1939 Grêmio 
1940 Internacional 
1941 Internacional 
1942 Internacional 
1943 Internacional 
1944 Internacional 
1945 Internacional 
1946 Grêmio 
1947 Internacional 
1948 Internacional 
1949 Grêmio 
1950 Internacional 
1951 Internacional 
1952 Internacional 
1953 Internacional 
1954 Renner 
1955 Internacional 
1956 Grêmio 
1957 Grêmio 
1958 Grêmio 
1959 Grêmio 
1960 Grêmio